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Unicamp lança estudo sobre política industrial verde e os dilemas da transição ecológica no Brasil

Em meio à preparação para a COP, o Instituto de Economia da Unicamp lança o estudo “Política Industrial Verde e Mudança Estrutural para a Transição Ecológica no Brasil”, assinada por Mariana Reis Maria, Marco Antonio Rocha, Iago Montalvão e Diógenes Moura Breda, com apoio da Fundação Friedrich Ebert (FES).

O estudo propõe uma leitura inédita do papel do Estado na transição verde e alerta para um dilema central: como o Brasil pode descarbonizar sua economia sem reproduzir antigas dependências produtivas. A nota analisa as políticas recentes — Nova Indústria Brasil, Plano de Transformação Ecológica, Plano Clima e Novo PAC — e questiona se essas iniciativas serão suficientes para promover crescimento, inovação e justiça social dentro dos limites ecológicos.

A publicação identifica a Política Industrial Verde (PIV) como instrumento decisivo para o país enfrentar o desafio dual do século XXI: reindustrializar enquanto reduz emissões. A proposta rompe com a visão clássica de “falhas de mercado” e enfatiza a necessidade de superar barreiras sistêmicas — tecnológicas, institucionais e financeiras — que travam a transição ecológica e o desenvolvimento soberano.

O documento alerta para o risco de uma “reprimarização verde”, em que o Brasil voltaria a ocupar posição subordinada na economia mundial, exportando matérias-primas e energia limpa sem agregar valor. Segundo os autores, evitar essa armadilha exige planejamento estatal, investimento público coordenado e fortalecimento de cadeias industriais verdes.Combinando rigor técnico e foco em políticas públicas, a nota mostra que o Brasil reúne condições únicas para liderar a nova economia verde — desde que a transição seja industrial, social e política, e não apenas ambiental.

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