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Financiamento climático: caminhos e limites para o Sul Global

Foto de Jeremy Bishop na Unsplash

 

O Projeto Transforma apresenta a Nota de Economia nº 16, intitulada O financiamento climático para países do Sul Global: uma análise de sua composição, limites e desafios, de autoria de Iago Montalvão. A publicação examina as transformações em curso no sistema financeiro internacional impulsionadas pela crise climática, com foco nos riscos de apropriação privada dos fluxos de financiamento verde e nas disputas geopolíticas sobre os instrumentos de governança climática global.

A nota parte da constatação de que, embora o Sul Global enfrente os efeitos mais severos da mudança climática, os mecanismos de financiamento para mitigação e adaptação permanecem concentrados nos países do Norte. O estudo analisa os instrumentos e compromissos assumidos em fóruns como a COP, o Acordo de Paris e a criação do Fundo Verde para o Clima, discutindo as metas de mobilização de recursos e o papel do setor privado no financiamento da transição ecológica.

Os autores demonstram que o volume efetivamente mobilizado até o momento está aquém das promessas anunciadas e que boa parte do financiamento climático vem sendo canalizado via instrumentos financeiros voltados à rentabilidade — como green bonds, blended finance e mercados voluntários de carbono —, em detrimento de subsídios ou recursos não reembolsáveis. Isso reforça a financeirização da política climática e acentua as assimetrias entre credores e países receptores.

A nota também analisa o protagonismo crescente de instituições financeiras internacionais na definição das regras da transição verde e suas implicações para a autonomia dos países do Sul. Em particular, destaca-se a importância de condicionar os fluxos de financiamento climático ao fortalecimento de políticas industriais e de bem-estar, com mecanismos que garantam maior soberania sobre os recursos mobilizados e articulação entre desenvolvimento social e transição ecológica.

Ao mesmo tempo, o texto enfatiza a necessidade de construir uma estratégia de financiamento climático que não dependa exclusivamente dos fluxos privados, recuperando o papel dos bancos públicos e da cooperação multilateral como instrumentos de enfrentamento das desigualdades ambientais e econômicas.

 

 

 

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