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O documento “Política Industrial Verde e Desenvolvimento: uma perspectiva a partir do Sul Global” analisa como países, como o Brasil, podem alinhar industrialização, justiça social e sustentabilidade ambiental em um contexto de transição verde e de crescente desigualdade internacional. A nota propõe uma leitura crítica sobre os limites das políticas industriais tradicionais e apresenta um conjunto de diretrizes para integrar inovação, equidade e soberania produtiva em estratégias nacionais de desenvolvimento.
Segundo os autores, a transição ecológica redefine a política industrial como instrumento de transformação estrutural. No entanto, para países com trajetórias marcadas por desindustrialização precoce e dependência tecnológica, a transição verde requer mais do que metas de descarbonização — exige um novo paradigma de desenvolvimento, centrado na criação de capacidades locais e no fortalecimento das instituições públicas.
A análise estrutura-se em três dimensões centrais:
- Sistêmica, voltada à revisão de regras financeiras e comerciais internacionais que restringem a autonomia dos países do Sul Global;
- Crescimento verde, baseada no desacoplamento entre produção e uso intensivo de recursos naturais, com incentivo à inovação limpa e à economia circular;
- Crescimento justo, que articula políticas industriais com geração de empregos verdes, inclusão produtiva e redução de desigualdades regionais e raciais.
O estudo também alerta para o risco de uma nova dependência verde, caso a corrida global por minerais críticos reproduza padrões históricos de exploração e especialização produtiva. Para evitá-la, os autores defendem políticas voltadas à agregação de valor, transferência tecnológica e cooperação Sul-Sul, garantindo que a transição ecológica seja também um processo de soberania e justiça social.
A Nota Técnica 17 integra a série de três relatórios do Projeto Transforma sobre economia, política e desenvolvimento sustentável, a poucas semanas da COP30, em Belém.