A Nota de Economia #10, intitulada “Trajetória das Emendas Parlamentares em Saúde e Participação nas Despesas Municipais em Saúde”, elaborada por Gabriel Vieira Mandarino e Clara Saliba, analisa o comportamento das emendas parlamentares destinadas ao financiamento de ações e serviços públicos de saúde (ASPS) nos municípios brasileiros entre 2015 e 2022. Nesse período, os valores passaram de aproximadamente R$ 2 bilhões em 2015 para quase R$ 14 bilhões em 2022. No entanto, esse crescimento foi marcado por oscilações significativas que impactaram diretamente o planejamento orçamentário e a continuidade dos serviços de saúde.
Os dados analisados demonstram que a transferência de recursos por meio de emendas parlamentares não seguiu um padrão linear. Em 2021, por exemplo, os valores chegaram a R$ 16 bilhões, mas caíram para R$ 14 bilhões em 2022. Essa instabilidade prejudica a previsão de recursos pelas gestões municipais, essenciais para o adequado financiamento da saúde pública.
Além disso, a participação das emendas nas despesas municipais em saúde aumentou consideravelmente, tornando o financiamento desses serviços mais dependente de recursos imprevisíveis. Em diversos estados, as emendas representaram mais de 20% das despesas municipais com saúde, especialmente em municípios menores.
A variabilidade nos repasses de emendas resulta em dificuldades para a manutenção contínua dos serviços de saúde. Municípios que experimentaram quedas nos valores transferidos enfrentaram desafios para compensar a redução com recursos próprios ou de outras fontes. Isso levou à interrupção parcial ou total de serviços essenciais, comprometendo o atendimento à população.
A análise também revela que a dinâmica de distribuição das emendas variou significativamente entre estados e faixas populacionais, intensificando a desigualdade no financiamento da saúde pública. A imprevisibilidade desses recursos representa um obstáculo para a gestão eficiente e para a garantia de serviços ininterruptos.
Os resultados apontam para a urgência de discutir e implementar regras que garantam maior previsibilidade e estabilidade no repasse de emendas parlamentares. Medidas que assegurem uma distribuição mais regular desses recursos podem fortalecer a gestão pública e melhorar a continuidade dos serviços de saúde, beneficiando diretamente a população.
A trajetória das emendas parlamentares entre 2015 e 2022 evidencia a relevância desses recursos para o financiamento da saúde pública nos municípios. Entretanto, a volatilidade nos valores repassados compromete o planejamento orçamentário e a prestação contínua de serviços. O fortalecimento de mecanismos que promovam estabilidade e previsão no repasse dessas verbas é essencial para assegurar a eficiência da gestão municipal e o atendimento de qualidade à população.